sexta-feira, 9 de abril de 2010

'Ele me chamou', diz pai de menino de 8 anos morto após 2 deslizamentos no Rio


O menino Marcus Vinícius, de 8 anos, que sobreviveu a um desmoronamento, mas acabou morrendo antes de ser resgatado por conta de um segundo deslizamento na última terça-feira (6), no Morro dos Prazeres, no Centro do Rio, chamou pelo pai durante o tempo que ficou soterrado.

"Eu não ouvi, mas um bombeiro me disse que ele me chamou, que ele disse: 'não demora pai'", contou ao G1 o pai de Marcus, Walmir França da Mata. Dois dias após o episódio que mudou para sempre a vida da família de Walmir, ele conversou com a reportagem e contou como foi o antes e o depois do resgate, que acabou de forma trágica. Tudo começou na manhã de terça-feira, dia em que o Rio registrou a pior chuva dos últimos 44 anos. O menino Marcus Vinícius saiu cedo de casa naquele dia, ia de perua para a escola, a Fundação Bradesco, onde estuda. "Ele pegou o transporte para ir para escola, mas a condução não conseguiu chegar devido ao caos no trânsito. Então, o ônibus voltou para casa. Depois a motorista do transporte me disse que ele queria esperar passar a chuva, queria ir para a escola. Mas ela explicou a ele que ia demorar para a situação melhorar. Ela não entendeu o pedido dele naquele momento", diz o pai. Já em casa, ainda na manhã de terça, a família ficou junta por pouco tempo. "Estávamos no portão de casa porque tivemos que evacuar o local, a casa teve um problema no muro e ligamos para a Defesa Civil fazer avaliação da casa. Passaram as duas primas dele, Ana Lúcia e Alana, e minha esposa não pensou duas vezes. No sentido de escolher o lugar mais seguro do mundo para o nosso filho naquele momento, pediu para que elas levassem ele para casa delas."
Marcus estava na casa das primas, já adultas, quando morreu. As duas também morreram no desabamento
"Eu me lembro exatamente do momento em que Marcus saiu com as primas, ainda uniformizado. Entregou a mochila para a mãe na maior felicidade e saiu pulando. Ele era uma pessoa muito feliz, não andava, vivia pulando. E agora a gente entende essa correria, ele tinha pressa", diz o pai, que não consegue conter as lágrimas. "Foi a última vez que vimos o meu filho vivo."

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